Numa época em que estamos em plena “silly season” – que se estende por quase todo o ano sem, muitas vezes, nos dar-mos conta disso – com banhos no Algarve e ópera em Óbidos, continuamos todos à espera de ver mudanças palpáveis oriundas do Ministério da Cultura.
O Ministro José António Pinto Ribeiro continua a defender, quando é preciso, o (des) acordo ortográfico e a apagar um ou outro fogo, designadamente os ateados ex-bombeira Isabel Pires de Lima, sua antecessora no Palácio da Ajuda.
Também tem ido, pontualmente, ao Parlamento e a alguns eventos sociais – tal como ao concerto de lançamento do CD “Terra”, de Mariza – onde vai dizendo umas coisinhas para jornais e revistas, mais ou menos sérias.
No meio de algum "suspense" nem tudo tem corrido bem ao Minsitro da Cultura (designadamente no processo de troca de director do Teatro Nacional D. Maria II) mas, para atenuar alguma ansiedade, finalmente, deu uma entrevista de fundo em que, entre outras coisas, falou no famigerado OPART – organismo que gere, em conjunto, o Teatro Nacional de S. Carlos e a Companhia Nacional de Bailado (CNB). Pelas suas palavras, parece estar de acordo com os muitos que estiveram em desacordo com a criação daquele modelo de gestão.
Prevê-se, pois, que tome medidas decisivas para atenuar os efeitos nefastos daquela “join venture”, sobretudo para a CNB.
A avaliar pelas temporadas recém anunciadas de ambas as instituições, o S. Carlos e a CNB, verifica-se que esta continua a navegar… num charco, com um reportório muito estreito e um elenco disfuncional, cujos meios humanos carecem de racionalização com a máxima urgência.
É, pois, tempo de esperança – depois de políticas culturais passadas tão desapontadoras – e a última coisa que se espera de um ministro tão assertivo é “mudar um pouco para tudo ficar igual”…
Já se percebeu que a “política” do actual MC é ir mudando sem alaridos (quando a Imprensa não se encarrega de fazer notícia para bem do nosso conhecimento) para não dar muito nas vistas.
O que não sabemos é até quando o silêncio sobre a Direcção Geral das Artes, já que é dela que depende muita da dança dita “independente”. E é, certamente, em muito maior quantidade daquela com que a CNB anda, há anos, a tentar levar público ao Parque Expo, no desterrado Teatro Camões.