Após uns meses de grave instabilidade, a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo apresentou-se, este fim-de-semana, na Cidadela de Cascais com um programa triplo.
Trata-se de um conjunto de peças que reflecte o estreito universo artístico do seu fundador, Vasco Wellenkamp, e que este transportou para a Companhia Nacional de Bailado, da qual é director há menos de um ano.
“Veneno”, de Rui Lopes Graça, ex-bailarino da CNB, é um trabalho despretencioso assente em canções italianas cantadas com doçura e sentimento. Movimentos espasmódicos e animalescos, “atacam” um grupo que exibe desconforto, desnorte e uma marcada infantilidade, que advém da picada de uma suposta tarântula.
No meio não esteve a virtude pois, “Eurídice e o Instante”, é mais um daqueles duetos prenhes de sentimentalismo em que Wellenkamp é especialista, anda a debitar há décadas e em que nada de estimulante acontece. Apresentando Liliana Mendonça descabelada e despida e Fábio Pinheiro – que dançou com brio todos os bailados da “soirée” – vestido até ao pescoço, a música de cordas de Philip Glass criou uma densidade sonora de que o movimento jamais se aproximou. Fechados sobre si próprios, embora bem focados no seu trabalho, ambos mostraram que o “lirismo” de Wellenkamp parece ter-se esgotado sem que ele tenha dado por isso…
A fechar um ritmado bailado inglês, assinado por Henri Oguike, intitulado “Finale” que, como o título indica, faz da música de René Aubry um veículo para um previsível lote de movimentos em linhas saltitadas e com repetidas batidas no solo em ambiente festivo.
De um modo geral todo o elenco dançou com muita verve sendo difícil destacar algum elemento em particular.
Contudo, para além de Susana Lima, que assegurou belos momentos de dança, e de Gustavo Oliveira – sempre com uma singular energia – é de fazer referência a duas novas aquisições para o elenco da CPBC, Isadora Ribeiro e o jovem Miguel Ramalho, que tentam colmatar o espaço deixado por um grupo significativo de artistas que, o ano passado, abandonou a pequena companhia.
CPBC – Grupo de Wellenkamp regressa a Cascais
