Numa época em que a cidade costeira de Cannes, em França, apresenta um clima agradável e um número de turistas (nacionais e internacionais) muito menor, o seu festival de dança – antes do início das festividades natalícias – é um evento muito significativo e de alto nível artístico e social.
Sem a projecção do seu primaveril festival de cinema, a bienal de dança que teve início em 1993 deve-se ao estabelecimento na cidade da Academia Internacional de Dança Rosella Hightower, em 1961.
Durante várias edições o festival teve a direcção artística de Yourgos Loukos – director da Ballet da Ópera de Lyon – que, em 2011, deu lugar a Frédéric Flamand, actualmente na direcção da Ópera de Marselha.
Na edição anterior o tema abordado foi “Os Novos Mitos” enquanto na de 2013 – entre 19 e 24 de Novembro – serão os “Caminhos e Reflexões” que estarão na ordem do dia. Segundo Flamand o programa reflectirá a sensibilidade da criação de ponto de vista estilístico e da evolução técnica na coreografia internacional contemporânea.
De destacar, no dia 20, a peça “A Ballet Story” da autoria de Vitor Hugo Pontes, pelas 18h00 no Théâtre Croisette.
Encomendada por Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, A Ballet Story foi um dos pontos altos do festival GUIdance 2012, contando com uma recepção entusiasta por parte do público e da crítica.
Tendo como ponto de partida o bailado “Zephyrtine” de David Chesky, “A Ballet Story”, Hugo Pontes, porém, recusou radicalmente qualquer representação teatral em busca da ilustração da história original . “Zephyrtine” é um bailado clássico para crianças, um conto de fadas recheado de elementos do maravilhoso e do fantástico enquanto “A Ballet Story” é um exercício de abstracção e parte do movimento dos corpos no espaço em articulação com a música. Numa coreografia que mistura sem complexos elementos do bailado clássico, da dança contemporânea e da street dance, os sete intérpretes formam uma estranha tribo urbana, um grupo de seres talvez humanos, que vão ocupando a plataforma ondulada onde se encontram, num equilíbrio frágil entre o indivíduo e o colectivo. Não há contos de fadas, mas o ambiente permanece misterioso e intrigante do início ao fim.
A obra tem música de David Chesky (versão musical Fundação Orquestra Estúdio, sob a direção do Maestro Rui Massena), cenografia de F. Ribeiro, figurinos de Victor Hugo Pontes, direcção técnica e desenho de luz Wilma Moutinho e como intérpretes e co-criadores: André Mendes, Elisabete Magalhães, João Dias, Joana Castro, Ricardo Pereira, Valter Fernandes e Vítor Kpez .
Segundo o jornal Público, “A Ballet Story” é uma “grande peça logo desde os primeiros momentos, marcando de forma indelével o ano e transformando-se no primeiro grande momento coreográfico de 2012.”