Editorial – Verão 2008

Numa época em que estamos em plena “silly season” – que se estende por quase todo o ano sem, muitas vezes, nos dar-mos conta disso – com os banhos no Algarve e a ópera em Óbidos, continuamos todos à espera de ver mudanças palpáveis que deverão acontecer, oriundas do Ministério da Cultura.O Ministro José António Pinto Ribeiro continua a defender, quando é preciso, o (des) acordo ortográfico e a apagar um ou outro fogo, designadamente os ateados ex-bombeira Isabel Pires de Lima, sua antecessora no Palácio da Ajuda. Também tem ido, pontualmente, ao Parlamento e a alguns eventos sociais – tal como ao concerto de lançamento do CD “Terra”, de Mariza – onde vai dizendo umas coisinhas, para jornais e revistas, mais ou menos sérias. Finalmente, já deu uma entrevista de fundo em que, entre outras coisas, fala no famigerado OPART – organismo que gere em conjunto o Teatro Nacional de S. Carlos e a Companhia Nacional de Bailado (CNB). Pelas suas palavras, parece estar de acordo com os muitos que estiveram em desacordo com a sua criação, prevendo-se que faça algo decisivo para atenuar os efeitos nefastos, sobretudo para a CNB, daquela “join venture”.A avaliar pelas novas temporadas – recém anunciadas – de ambas as instituições, verifica-se que a CNB continua a navegar… num charco, com um reportório muito estreito e um elenco disfuncional cujos meios humanos carecem ser racionalizados com a máxima urgência.Não é, definitivamente, bom para ninguém “mudar um pouco para tudo ficar igual”! Já se percebeu que a “política” do actual MC é ir mudando sem alaridos (quando a Imprensa não se encarrega de fazer notícia para bem do nosso conhecimento) para não dar muito nas vistas. O que não sabemos é até quando o silêncio sobre a Direcção Geral das Artes, já que é dela que depende muita da dança dita “independente”. E é, certamente, em muito maior quantidade daquela com que a CNB anda há anos a tentar levar público ao Parque Expo, no desterrado Teatro Camões.

Published by Antonio Laginha

Autoria e redação

António Laginha, editor e autor da maioria dos textos da RD, escreve como aprendeu antes do pretenso Acordo Ortográfico de 1990, o qual não foi ratificado por todos os países de língua portuguesa.

error: Content is protected !!