A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) atribuiu, uma vez mais, os Prémios Gulbenkian Arte, Beneficência, Ciência, Educação e ainda o Prémio Internacional Calouste Gulbenkian.
Estas distinções vêm reafirmar a fidelidade ao desígnio de Calouste Sarkis Gulbenkian, que instituiu aquelas quatro áreas como os quatro objectivos estatutários da Fundação. O Prémio Internacional vem ainda recordar as múltiplas dimensões que marcaram a vida e a personalidade do seu fundador.
A bailarina e coreógrafa Vera Mantero foi distinguida com o Prémio Gulbenkian Arte 2009, no valor de 50 mil euros, sucedendo ao cineasta Pedro Costa e ao pintor Ângelo de Sousa, premiados em anos anteriores.
Nascida em 1966, Vera Mantero é uma das artistas mais criativas e singulares da cena artística nacional, com uma sólida carreira construída ao longo de mais de duas décadas. O seu nome está ligado à vertente contemporânea, com um forte acento nas áreas transdisciplinares. O seu trabalho tem também cruzado outras áreas como a música, a performance e o cinema.
A originalidade e consistência do seu trabalho foram reconhecidas pelos elementos do júri, composto por João Marques Pinto (presidente) José Gil, Raquel Henriques da Silva, Jorge Silva Melo e Salwa Castelo-Branco.
Com formação em dança clássica, Vera Mantero que passou brevemente pelo Ballet Gulbenkian – onde não deixou marca particularmente significativa – estudou técnicas de teatro, voz e composição, em Nova Iorque, prosseguindo uma carreira de bailarina e coreógrafa com um cunho muito pessoal. Tem trabalhado com artistas de áreas muito diferentes, dando corpo à sua contínua experimentação, não só em Portugal como em espaços teatrais e festivais na Europa, Brasil, EUA, Canáda e outros países.
A Vera Mantero juntam-se outros premiados este ano pela Fundação: o Chapitô (Prémio Gulbenkian Beneficência), a Fundação CEBI e a Obra do Padre Américo (Prémio Gulbenkian Educação) e Maria João Saraiva (Prémio Gulbenkian Ciência).
O Prémio Internacional Calouste Gulbenkian foi atribuído Ex Aequo ao ACNUR e ao PRIME.
Sem pôr em causa a importância destes Prémios Gulbenkian, mormente o seu aspecto monetário, parece que a FCG continua com o mesmo espírito de um passado recente em que era o inquestionável e todo-poderoso Ministério da Cultura em Portugal! Tendo-se comportado, tantas vezes, como "um estado dentro do Estado", quando concedeu benesses e prémios, ao longo de toda a segunda metade do século vinte.
Hoje queremos, todos, ver mais transparência em tudo. Para além dos critérios utilizados seria importante também conhecer os nomes colocados na calha. Ou apenas um se perfilou para tal corrida?
Será que o vencedor foi o único nome proposto por alguém que desejou premiar um artista do seu agrado, uma vez que no júri não pontuam quaisquer nomes ligados à Dança e nem todos eles têm particular vínculo às artes teatrais?
É que a Fundação que, apesar de ser de direito privado, é beneficiária do Estado a nível de impostos, com tantos artistas da dança que podia premiar, devia evitar tudo o que se pudesse parecer com um círculo fechado e com as habituais capelinhas, sobretudo depois do “assassinato” do Ballet Gulbenkian.