Subordinada ao título “Dança Lazúli” a pintora (e antiga bailarina) Maria de Freitas, apresentou uma variada mostra de trabalhos na Galeria Municipal Verney, no centro da vila de Oeiras.
A artista lisboeta estudou “artes do fogo” na Escola António Arroio, desenho (de modelo) na Sociedade Nacional de Belas Artes e pintura na Arte Ilimitada, tendo frequentado diversos estúdios de artistas onde completou a sua formação. Fez parte do grupo de tap dance (sapateado americano) “Meninas de Lisboa”, nos anos 80, está representada em várias colecções particulares e conta no curriculum inúmeras exposições individuais e colectivas tanto em azulejo, como em desenho e pintura.
Composto por obras em formatos plurais, o diversificado conjunto pictórico percorre um espaço temporal que abrange quase uma década.
“Sempre que procuro um movimento encontro um corpo” afirma a pintora. E de muitos corpos (em fundo azul) e de muitos duetos em tons de música se faz uma viagem em pinceladas simultaneamente evanescentes e delicadas.
Mão feminina e olhar fixado no detalhe levam Maria a balançar-se entre o fascínio do suporte do artista bailarino – os pés espartilhados em sapatilhas de cetim ou nus e livres de constrangimentos – e uns duetos imaginários entre monumentais “pontas” em acção e umas pequenas “fadas” bailarinas.
Porém, a artista vai além de um conceito restrito e da formalidade da técnica académico-clássica que, num outro plano, cede lugar a um belo tríptico com bailarinos em fundo branco meticulosamente desenhados no seu descanso – quais guerreiros entre batalhas – e num conjunto de cinco obras em que sobressai uma mulher-Natureza que se expande numa dança em que a folhagem torna livres os cabelos no ardente desejo de voar. Uma verdadeira metáfora daquilo que tantas vezes é contra-natura na arte de Terpsícore.
Na persistente tentativa da exaltação do belo que há nas artes cénicas e do sublime azul que percorre céus e mares, pincelado sem fraquezas nem hesitações, Maria Freitas é uma voz ímpar no universo da “pintura de dança” em Portugal. Um género algo inusitado que, de vez em quando, os grandes mestres (discretamente – acabam por visitar.
Os trabalhos de Maria de Freitas puderam ser vistos até 6 de Setembro de 2014.