Richard Cragun (1944-2012)

Richard Cragun (1944-2012)

O maior intérprete das obras de John Cranko – juntamente como a sua ex-mulher, Márcia Haydée – faleceu aos 67 anos, no dia 6 de Agosto na cidade do Rio de Janeiro, no Hospital Rio Laranjeiras, onde esteva internado. O artista após ter sido encontrado inconsciente no chão da casa de banho da sua casa, morreu de septicemia e complicações pulmonares e cardíacas e foi cremado no Cemitério do Cajú no dia seguinte.

O bailarino tinha um passado de complicações neurológicas – já tinha sofrido um derrame grave em 2005 – e possivelmente teve uma convulsão grave em casa. Sozinho, e sem ajuda, acabou aspirando líquidos que, nos pulmões, levaram à pneumonia.

De nacionalidade norte-americana, descendente de índios moicanos, nasceu a 5 de Outubro de 1944 na cidade de Sacramento, na Califórnia, onde começou seus estudos de dança clássica e sapateado na sua cidade natal. Após completar os estudos académicos na C. K. McClatchy High School, em 1960, frequentou a Banff School of Fine Arts no Canadá e mais tarde estudou na Royal Ballet School de Londres.

A sua carreira começou a ter projecção no Ballet de Estugarda, na Alemanha, onde dançou entre 1962 a 1996, e formou dupla com a citada bailarina brasileira, com quem foi casado durante 16 anos A seu lado criou personagens memoráveis, como Petruchio do bailado “A Fera Amansada” do coreógrafo John Cranko inspirado na obra homónima de Shakespeare. Durante 34 anos no elenco da conhecida companhia alemã, foi considerado um dos maiores bailarinos do século XX. Nela e em inúmeras companhias em que dançou como convidado trabalhou com coreógarfos famosos designadamente Kenneth MacMillan, John Neumeier, Jiri Kylian, William Forsythe and Maurice Bejart. Fez parcerias inesquecíveis com a inglesa Margot Fonteyn e a russa Natalia Makarova e também dividiu o palco com colegas como Rudolfo Nureyev, Mikhail Baryshnikov e Jorge Donn.

Após deixar aquele grupo o bailarino assumiu a direcção do  Deutsche Oper Berlin entre 96 e 99.

Desde 1978, Cragun, desenvolveu uma forte relação com o Brasil e, em conjunto com o coreógrafo brasileiro Roberto de Oliveira, o bailarino trabalhou na criação da Associação DeAnima Ballet Contemporâneo a partir de 1998. Em 2001, quando a companhia se formou no Rio de Janeiro, ele mudou-se para a “cidade maravilhosa”. Em 2003 foi nomeado director do Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde montou os bailados Giselle, O Lago dos Cisnes, Onegin, La Fille Mal Gardée, 7ª Sinfonia e Voluntaries. Ficou até 2004 e, no ano seguinte, sofreu um acidente vascular cerebral. A DeAnima Ballet Contemporâneo encerrou seus trabalhos em 2008.

Era um cartoonista de mérito tendo feito várias exposições.

A última vez que apareceu em público foi dois dias antes da sua inesparada morte, aquando da estreia de “Onegin”, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Published by Antonio Laginha

Autoria e redação

António Laginha, editor e autor da maioria dos textos da RD, escreve como aprendeu antes do pretenso Acordo Ortográfico de 1990, o qual não foi ratificado por todos os países de língua portuguesa.

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