O crítico de dança e teatro, Clive Barnes – nascido em Londres em 13 de Maio de 1927 – faleceu em 19 de Novembro, com 81 anos, de cancro no Hospital Mount Sinai, em Manhattan, na cidade de Nova Iorque onde vivia desde 1965.
Respeitado crítico, tanto na Europa como nos Estados Unidos, Barnes escreveu, até semanas antes da sua morte, tanto para o jornal The Post (em que trabalhou cerca de 30 anos) como para a revista Dance Magazine onde assinava, mensalmente na última página, um artigo intitulado “Attitudes”.
Criado pela mãe, que desde cedo o familiarizou com o teatro e a dança londrina por ser secretária de um agente de imprensa, após servir o exército frequentou a Universidade de Oxford tendo-se tornado crítico de dança a seguir à Segunda Guerra Mundial, em Inglaterra. Escreveu para várias publicações em simultâneo, tendo sido contratado como o primeiro crítico a tempo inteiro, em 1961, para o Times de Londres.
Entre 65 e 77 ocupou o mesmo lugar no americano New York Times, um lugar que lhe deu um inusitado poder, quando as suas críticas faziam o sucesso ou o fracasso das produções da Broadway.
Para além disso escreveu diversos livros, nomeadamente, quatro volumes de "50 Best Plays of the American Theatre", nove séries de "Best American Plays" (com John Gassner), "American Ballet Theatre: A 25 Year Retrospective" (com Elizabeth Kaye), "Masters of Movement: Portraits of America’s Great Choreographers" (com Rose Eichenbaum), "Ballet in Britain Since the War", "Frederick Ashton and his Ballets", "New York Times Directory of the Theater", "Ballet Here and Now", "Dance Scene USA", "Inside American Ballet Theatre", e ainda biografias de Tennessee Williams e Rudolf Nureyev.
Era um crítico muito culto, com olhos certeiros e a pena afiada. Apaixonado pela dança via várias vezes a mesma peça quando os trabalhos se mostravam desafiadores e de difícil caraterização. Algo céptico em relação ao seu trabalho dizia ser uma “tarefa impossível” e que “se devia rezar para se ser apenas moderadamente incompetente”.
Também era famoso por ter uma memória notável. Sabendo que eu era português, uma noite na sala de imprensa da Metropolitan Opera House, durante um intervalo de “O Lago dos Cisnes” pelo American Ballet Theatre com Cynthia Gregory e Fernando Bujones nos papéis principais, contou-me vários episódios do Royal Ballet no tempo em que Dame Ninette de Valois acarinhava Pirmin Trecu, uma bailarino basco que vivia e ensinava no Porto. E falou-me do seu interesse pelos bailados estreados por aquele bailarino que teve uma carreira que terminou prematuramente.
AL