REPRODUÇÃO DOS PROGRAMAS DOS BALETS RUSSES DAS SUAS APRESENTAÇÕES EM LISBOA
Os BR dançaram na capital portuguesa nove espectáculos, entre 13 a 27 de Dezembro de 1917, no Coliseu dos Recreios e mais duas récitas suplementares, em 2 e 3 de Janeiro de 1918, no Teatro de S. Carlos.
Tentando manter a sua muito publicitada aura de “glamour”, ainda que o dinheiro escasseasse, chegou a Lisboa no dia dois de Dezembro de 1917, Serge Diaghilev, acompanhado do bailarino principal e, então, coreógrafo residente, Leónide Massine (Leonid Fyodorovich Myasin, de seu nome original), de Serge Grigoriev, o famoso “régisseur” (ensaiador e mestre de bailado) e da maioria dos artistas da companhia dos quais se destacavam, Lubov Tchernicheva (mulher de Grigoriev), Stanislas Idzikowski, Lydia Lopoukova e Vera Nemchinova, para além do famoso mestre italiano Enrico Cecchetti e da sua mulher Giuseppina.
A data da chegada dos BR a Lisboa foi confirmada por notícias, respectivamente, nos jornais O Século e a Luta. Outras publicações como Portugal, Monarquia, República, Capital e Diário Nacional também mencionam a mesma data.
Já o dia em que a companhia abandonou Lisboa – vinte e oito de Março de 1918 – no mesmo comboio Sud Express que os trouxe a Lisboa, mas sem grande aparato, desmoralizada, completamente falida, sem recordações positivas e nem muitas saudades na bagagem, apenas se encontra referido na obra de Serge L.Grigoriev,“The Diaghilev Ballet 1909-1929”, 1953 – edição de 2009 – Dance Books Ltd, UK, pag. 135, e que o historiador José-Augusto França também menciona em “Os Anos Vinte em Portugal”, Editorial Presença, Lisboa, 1992.
Neste caso não foi possível confirmar a data, com mais ampla documentação, designadamente em notícias de jornais da época ou nos registos da CP.
Segundo a mesma fonte, “The Diaghilev Ballet 1909-1929”, bem com numa obra posterior, “Diaghilev”, de Richard Buckle (Atheneum, New York, 1984, p. 341), os Ballets Russes começaram a sua terceira digressão espanhola no dia 31 de Março – Domingo de Páscoa – em Valladolid (Espanha).
António Laginha
PROGRAMA DO COLISEU de 13 a 27 de Dezembro de 1917
Tanto a capa como a contracapa deste programa – em tons de sanguínea – são da autoria do ilustrador português JORGE BARRADAS (1894-1971).
A primeira é uma adaptação de um programa parisiense dos BR de 1910.
Em ambas é bem visível a aproximação ao universo da pintura de Léon Bakst, cenógrafo e figurinista dos Ballets Russes, apresentando um vincado gosto “oriental” tão em moda na época.
Curiosamente a capa exibe uma figura masculina do bailado “Xerazade” (com vestes exuberantes, turbante generoso e sabre arrebitado) é bem menos “original” que a contracapa onde pontua um grafismo bem mais intenso num quadro publicitário às portuguesas bolachas Nacional…
CAPA
CONTRACAPA
Proveniência das imagens: Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian – Lisboa
PROGRAMA DO S. CARLOS 2 e 3 de Janeiro de 1918
CAPA
CENTRAIS
CONTRACAPA
Proveniência das imagens: Museu Nacional do Teatro – Lisboa