Peggy Konik, foi o rosto de “Lento para Quarteto de Cordas” (tendo como parceiro o bailarino Rui Alexandre), a primeira peça que Vasco Wellenkamp criou para a Companhia Nacional de Bailado, na qualidade de director do grupo.
Depois de um período em que, involuntariamente, se viu afastada dos palcos, a bailarina francesa regressou em força e sente-se bem preparada para novos desafios.
“Danço desde muito pequena, com quatro ou cinco anos fui seduzida pela Dança. Foi qualquer coisa que eu escolhi sem escolhar… creio que já a tinha em mim!
Nascida em Rouen, onde o pai, Jean-Pierre Ruffier, era director e coreógrafo residente do Teatro das Artes e a mãe, Bernadette Ferrasse, era bailarina principal da companhia, depois do nascimento de Peggy ela parou cerca de um ano e meio mas retomou a sua carreira por mais uns poucos anos.
“Eu vi algumas fotos de ambos nas suas actividades artísticas mas é uma memória que não guardo pois nunca os vi dançar em cena”.
Sobre a sua infância a bailarina afirma, “nunca houve a ideia de fazer carreira na dança nem os meus pais me falavam muito do seu trabalho. Comecei a dançar na sua escola, o Centro de Dança da Normandia, na minha cidade natal, onde fiquei até aos 13 anos. Ao mesmo tempo frequentei o Conservatório Nacional (de Rouen) e o meu primeiro contrato foi aos 14 anos, com o Ballet de Toulouse, no corpo-de-baile de “O Lago dos Cisnes”.
Do seu “débout” profissional Peggy lembra que “dois meses fora de casa, ainda tão nova, foi muito duro, embora eles – os pais – fossem visitar-me sempre que lhes era possível. Depois, durante uma década, dancei em vários teatros franceses (Bordéus, Toulon, Metz, Limoges, etc.) mas a primeira companhia importante na minha carreira foi, mesmo, a de Victor Ullate (em Madrid) para a qual entrei aos 24 anos".
Começou como bailarina no conjunto mas, ao fim de seis anos, já fazia papéis principais. "Foi uma grande experiência para mim. Quando entrei só fazíamos obras de Ullate e um clássico, o “D. Quixote”. Pouco a pouco começámos a fazer mais reportório clássico e alguns bailados “neo-clássicos”. Pela primeira vez tive um trabalho com alguma continuidade já que, antes, eu era ‘free lance’, quase sempre na área do bailado clássico".
Quando a companhia madrilenha voltou ao sistema anterior – com obras maioritariamente de Victor Ullate – a bailarina teve vontade de fazer outros trabalhos…
“Foi muita sorte ter vindo para Portugal”, afirma Peggy. “Fiz contatos na CNB com antigos colegas que disseram que a companhia tinha, rapidamente, falta de uma bailarina porque uma das artistas principais estava lesionada. Audicionei e fui aceite em Abril 2003. Inicialmente, seria por pouco tempo mas tanto eu como a CNB… fomos ficando”.
Porque escolheu Portugal para trabalhar e viver?
“Foram as circunstâncias. Como eu queria deixar Madrid vim fazer audição e, desde então, por razões também pessoais decidi ficar em Portugal. Uma bailarina está bem com a vida quando está bem de trabalho… e se está bem na sua vida privada não tem razões para partir. Como desde os 14 anos sempre estive um pouco afastada dos meus pais, após un ano em Portugal eles vieram viver para perto de mim. A famíla é importante e completa-me porque desde muito nova andei de lugar em lugar… Um artista também precisa de estabilidade emocional.”
Quanto a projectos futuros a bailarina confessa que “sempre navegou um pouco à vista”. E acrescenta “nunca provoquei as coisas, espero que elas aconteçam. Porém, eu trabalho muitíssimo e não espero que o trabalho me cai no colo, mas deixo a vida tomar o seu lugar… Penso que as oportunidades profissionais e pessoais são coisas que nos acontecem”.
Ficar em Portugal? Sim… “Tenho tudo aqui. Acho o país muito mais que agradável, acho-o lindo.
Le Portugal c’est un pays coquet… por isso não tenho saudades de França”.