O Comité Internacional da Dança (CID) encomendou para o Dia Mundial da Dança de 2020 uma mensagem ao bailarino, actor, coreógrafo e professor de dança, Gregory Vuyani Maqoma, da África do Sul.
Foi durante um entrevista que me fizeram recentemente, e em que me perguntaram o que é que a Dança significa para mim, que pensei profundamente na resposta.
Tive que começar por analisar a minha trajectória pessoal e, então, dei-me conta que tudo é uma questão de desígnio e que cada dia apresenta um novo desafio que tem de ser ultrapassado. É, pois, através da dança que tento entender o mundo.
Vivemos tragédias inimagináveis, num tempo que posso descrever como a era pós-humana. Mais do que nunca temos de dançar com o sentido de mostrar ao mundo que a humanidade continua a existir. Determinação e empatia devem prevalecer sobre anos e anos dominados por uma paisagem virtual de dissolução que deu origem a uma catarse de luto universal vencendo a tristeza. A dura realidade que continua a penetrar os vivos confrontados com a morte, a rejeição e a pobreza.
A dança deve, mais do que nunca, dar um sinal forte aos líderes mundiais – e todos os que garantem salvaguardar e melhorar as condições humanas – de que somos um exército de pensadores furiosos, e o nosso propósito é o de nos esforçarmos para mudar o mundo com um passo de cada vez. A dança é liberdade, e através dela, devemos libertar os outros das armadilhas que enfrentam em diferentes cantos do mundo. A dança não é política, mas torna-se política porque clarifica na sua fibra uma conexão humana e, portanto, responde às circunstâncias na tentativa de restaurar a dignidade humana.
Enquanto dançamos com os nossos corpos, caindo no espaço e lutando juntos, tornamo-nos uma força de movimento tecendo corações, tocando almas e proporcionando a cura que é tão desesperadamente necessário. E o propósito torna-se uma cabeça única de Hidra, invencível e indivisível. Tudo o que precisamos agora é dançar um pouco mais!