A famosa bailarina russa, Ekaterina Maximova, faleceu repentinamente, na noite de 28 de Abril – na véspera do Dia Mundial da Dança – aos 70 anos.
Recentemente o Teatro Bolchoi celebrou, com a sala esgotada, o 70º aniversário de Maxímova tendo sido aplaudida efusivamente como recompensa de uma notável carreira e também dos 50 anos de trabalho conjunto com o seu marido e único parceiro no palco, Vladimir Vassiliev". Aliás, o par Vassiliev-Maxímova foi considerado pela crítica especializada "o par de ouro do bailado russo do séc. XX".
Ekaterina Sergeyevn Maximova nasceu a 1 de Fevereiro de 1939, em Moscovo e, aos 18 anos, após terminar os estudos na Escola Coreográfica da capital russa, foi aceite no elenco do Ballet Bolshoi, em cujo palco brilhou mais de três décadas
Yekaterina "ballerina"
O nome de Yekaterina Maximova é bem conhecido do público "balletómano" português. Em Outubro de 1999 deslocou-se a Lisboa tendo, então dado uma entrevista exclusiva à RD:
Ela foi, sem quaisquer dúvidas, uma das grandes bailarinas deste século. Pertencente a uma geração a seguir a à de Galina Ulanova – que foi sua mestra – e de Maya Plisetskaya e ao lado de Natalia Bessmertnova, Irina Kolpakova e Natalia Makarova, esta grande artista casada com outro "monstro" da dança soviética, Vladimir Vassiliev, é uma lenda viva da dança russa.
Com pouco mais de 60 anos, Maximova, que mantém um físico invejável e uma beleza muito particular, dedica-se hoje a apurar a arte das jovens "ballerinas" do Ballet do Kremlin e a dirigir ensaios de uma peça que bem conhece: "A Gata Borralheira".
Deixou de actuar em palco há cerca de seis anos mas não abandonou a dança. E, se nunca veio a Portugal como intérprete, está hoje no nosso País com funções de "ballerina" retirada. Diz que gostou do sol e luminosidade de Lisboa, o que não admira, pois em Moscovo a temperatura já desceu aí a uns 12 graus negativos.
A última vez que dançou foi há cerca de seis anos, em S. Petersburgo, numa gala especial – uma espécie de homenagem – mas que não foi uma verdadeira festa de despedida. Dançou um excerto do 2º acto de "Zolishka" ("A Gata Borralheira"), com muitos artistas no elenco, mas fala da ocasião sem memórias muito vivas.
Bailarina clássica por excelência afirma também ter dançado obras dos franceses Maurice Béjart e Roland Petit mas nunca se ter interessado por outro tipo de dança. Ter trabalhado com Kasyan Goleizovsky teria sido para ela "um presente dos deuses" mas, quando o conheceu, "lamentavelmente ele já estava velho. Era uma personagem singular e um coreógrafo extraordinário".
Dos grandes papéis clássicos – "Giselle", "Kitri" ou "Julieta" – não escolhe nenhum em especial que lhe tenha dado mais gozo dançar. Acrescenta que gostou de trabalhar numa peça de seu marido inspirada numa obra de Tchekov e que está no reportório do Bolshoi. Diz que "adora ver os bailados de George Balanchine" mas que "nunca teve vontade de dançar nenhum deles". Já de John Cranko refere com um sorriso rasgado e traços de orgulho que dançou Tatiana em "Eugen Onegin".
Sobre a coreografia contemporânea responde simplesmente "alguma gosto… outra não".
E sobre a dança no seu país começou por tornar claro que só falaria de "ballet". "Acho que não estamos em crise. Há muitos bailarinos novos com talento e de grande perspectiva, muitos teatros a funcionar regularmente e sempre cheios e um público caloroso. Criam-se novas companhias e vemos muitos coreógrafos e bailarinos jovens que se tentam realizar através da pesquisa e da busca de novos estilos. Não penso que o bailado está em crise ou que está a morrer, veja-se o trabalho de Boris Eifman, um dos melhores coreógrafos contemporâneos da Rússia".
A.L.