Carlos Acosta e Ana Lacerda (no bailado “D. Quixote”, na CNB)
“Eu canto, eu pratico a música eu forjo artistas, logo existo”. Foi com esta frase lapidar, debitada numa entrevista televisiva, que Fidel Castro assegurou a sua familiaridade com as artes e empenho na sua difusão.
É do conhecimento público que a sua ligação, de longa data, à “ballerina” Alicia Alonso é sólida e fez da companhia cubana um símbolo nacional dentro e fora das fronteiras cubanas.
Recentemente foi designado o famoso arquiteto britânico Norman Foster, para “redesenhar” a Escola de Ballet de Cuba, perto de Havana, cuja construção iniciada em 1961 nunca foi concluída. A ideia é transformá-la num centro artístico que será dirigido pelo bailarino cubano Carlos Acosta, radicado em Inglaterra e que já dançou em Portugal – como artistas convidado – com a CNB.
Integrada no plano das Escuelas Nacionales de Arte de Fidel Castro e Che Guevara, o edifício original foi desenhado em 1961 pelo arquiteto italiano Vittorio Garatti, mas nunca foi concluído devido à falta de verbas. Então, a ideia era construir um enorme complexo de educação artística que albergasse não só a escola de dança como também núcleos de belas artes, música e teatro. O projeto foi abraçado pelo arquiteto Ricardo Porro, com a colaboração de Vittorio Garatti e Roberto Gottardi, que moravam em Havana.
Porém, a crise dos mísseis de 1962 conduziu a um corte no financiamento para a educação e, em 1965, o projeto foi oficialmente abandonado e deixado incompleto. As estruturas de tijolo e terracota foram depois usadas para outros fins, até serem totalmente deixadas ao abandono. Os arquitetos chegaram a ser convidados a voltar a Cuba para terminar os edifícios, nos anos 1990, o que não chegou a acontecer. A história foi contada no documentário ‘Unfinisged Spaces’ (2011) de Benjamin Murray e Alysa Nahmias.
É agora Norman Foster quem vai recuperar o projeto. O seu nome terá sido, justamente, uma escolha de Carlos Acosta, o bailarino cubano de 38 anos que desde 1998 integra o Ballet Real de Inglaterra e que tencionar regressar ao seu país (de onde saiu aos 14 anos) para dirigir este novo centro artístico.
“Vou voltar, não apenas porque é o sítio onde nasci mas também porque o país caminha na direção certa. As mudanças nos últimos dois ou três anos são positivas, especialmente no que toca ao incentivo à economia de mercado”, afirmou Acosta ao jornal “The Sunday Times”.